quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

CAXAMBU - HOTEL BRAGANÇA NO TURISMO NOSTALGIA.

 Dia lindo de sol e brisa, e lá fui eu novamente passear em Caxambu, essa cidade que me encanta com suas construções antigas e lindas,  e seu ar sereno. As Quaresmeiras já estão floridas -  e a cidade possui muitas - enfeitando e alegrando esse recanto nostálgico do Sul de Minas.


Passei em frente ao Hotel Bragança - que já conheço há muito tempo, mas sempre admiro - e resolvi fotografá-lo  mais um pouco.
Olhem que bela imagem se tem, olhando de dentro do Hotel para a rua, onde a cerca do córrego enfeita a paisagem !

Dessa vez fotografei a bela marquise, e admirei as formas harmônicas dos tempos idos.
E entrei mais um pouco, e fui xeretando e fotografando, até que chegou a proprietária, Therezinha, que já conheço de outras visitas.


 Pergunta daqui, espia de lá, e fui penetrando na história desse Hotel que é dos mais antigos da cidade.
O Hotel Bragança foi adquirido por Antonio Miguel Arnaut em 1925, mas já existia desde 1896, quando se chamava Grande Hotel e Restaurante Silva.


Ainda na década de 20 Antonio Miguel  passou a residir no Hotel, com toda a sua família.  Dez filhos viveram ali e, até hoje o Hotel possui os mesmos proprietários, sendo administrado pelos seus filhos  Antonio Lício Arnaut, e pelas irmãs Therezinha Arnaut e Adélia Licio Arnaut Feldman, que continuam residindo no Bragança.


As horas foram passando, e a agradabilíssima conversa nos remetendo  aqueles tempos antigos, fazendo-nos esquecer do presente. Nessa altura, a Therezinha já tinha chamado o irmão para participar do bate-papo, e ele veio acrescentar muitas informações e histórias que nos envolveram  e fascinaram.


 Na época antiga, o Hotel somente possuía 4 banheiros.  Na reforma da década de 20, quando adquirido por Antonio Miguel, um segundo pavimento foi acrescentado.


Antonio, o filho, nos contou que nasceu no Hotel Bragança, que também era a residência da família.



Também nos contou coisas muito interessantes sobre Caxambu que, segundo ele, possui uma energia muito positiva que até realiza curas. Casos verídicos de pessoas que, somente usufruindo do ar puro e da paz da cidade, curaram problemas físicos.

Isso sem falar na cura pelas águas ! E a família presenciou vários casos ao longo de suas vidas.

Na foto, a antiga cabine telefônica.


Vamos falar um pouco da estrutura do Hotel ?
O Hotel Bragança possui uma área de 3.600m2.
Tem 54 apartamentos, sendo que 8 são conjugados, com 2 quartos interligados para receber famílias que queiram ficar próximas.



O estilo é "oitocentista", com mobiliário de época.
Esse lavatório é simplesmente deslumbrante ! Eu nunca vi outro igual, perfeito e em uso, como o que existe no Hotel Bragança.


Esse lugar é o Recanto do Café, junto do Refeitório. Fica perto do lavatório lindo.
O hotel tem salas de estar, salas para jogos e biblioteca.



Quem olha o Hotel Bragança por fora pode ter a impressão de que ele é um hotel pequeno mas, percorrendo seus corredores e cômodos, descobrimos que não é bem assim !
Observem a beleza dessa parede trabalhada ! E os vitrais coloridos na janela ao fundo.  Detalhes preciosos.


Outro corredor !  Em primeiro plano está o salão de entrada. A seguir a grande sala de estar e, depois o corredor.  Olhem a beleza do piso de tábua corrida.

 Outro corredor, e esse tem passagem em arco no teto. Na realidade ele funciona como uma galeria onde quadros mostram fotos e recortes que contam a história do hotel e da cidade.
                             


No fundo desse corredor está um console com o grande espelho vertical. A Therezinha me contou que nesse lugar,  em tempos muito antigos,  existia uma porta que dava acesso ao Cassino.
Vale a pena observar as  luminárias  de vidro.



Mais um pouco da história da família: na foto, Adília e Antonio Miguel, os proprietários do Hotel Bragança.



Foto relíquia: O Hotel Bragança, em 1913, somente  com um andar.




E aqui, em 1925, quando Antonio Miguel Arnaut o adquiriu.



Continuando meu passeio, cheguei ao Jardim Interno. E jardim é coisa que sempre me agrada !
Nostálgico é esse recanto do Hotel Bragança, com as trepadeiras emoldurando as bonitas portas em vidro.



Num gostoso dia de sol morno, deve ser muito agradável ficar ali, desfrutando da serenidade e beleza do lugar.


A construção ao lado foi, em tempos idos o Cassino do Hotel Bragança. A Therezinha ainda lembra dos frequentadores nervosos, fumando nas janelas, quando estavam perdendo nos jogos ! Ela era uma menina,  mas guardou muitas lembranças dos acontecimentos que presenciou.


 A culinária é um dos pontos altos do Hotel, com cozinha em fogão à lenha.
E o Salão de Refeições é muito bonito, com suas janelas em arco.


 Admiradora de móveis antigos, delicio-me com imagens como a desse móvel do restaurante !


E fiquei totalmente embevecida quando vi esse biombo que divide o Salão da cozinha ! Além da beleza da madeira e dos vidros trabalhados, ainda encontro 3 luminárias no alto !!! Muito bonito e original.


Outra peça lindíssima do Salão de Refeições é essa cristaleira.


 E as lindas portas envidraçadas.


A fachada delicada do Hotel Bragança, vista do outro lado do córrego que corta a cidade. O hotel fica localizado bem perto do Parque das Águas.


 Chegou a hora de mostrar os quartos e seus móveis de época ! A Therezinha, pacientemente,  foi mostrando cada lugar, cada detalhe.
Um quarto com vista... E essa é para o jardim.


Penteadeira belíssima, em 3 folhas espelhadas. Requintes de outras épocas...
Mas os banheiros tem equipamentos atuais, e água com aquecimento central !



 Esse quarto fica na esquina, é grande e tem 2 janelas. E os vitrais coloridos dão cor ao ambiente.
Reparem na mesa de apoio.


 Mesinha de cabeceira com tampo de mármore de Carrara ! Um luxo.


 Cama Patente !!! Qualidade e resistência, além da beleza clássica. Assim são muitas camas do Hotel Bragança.
Vejam aqui a história das camas Patente:
 http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI250820-16802,00-EXPOSICAO+CAMA+PATENTE+DE+DEMOCRACIA+EM+FORMA+DE+MOVEL.html

Nos quartos existem esses belos cabides trabalhados.
O mais interessante é que um funcionário da portaria do hotel, percebendo meu interesse pelos móveis antigos, chamou-me para mostrar esse cabide que estava num dos quartos, e ficou elogiando a beleza e qualidade do mesmo ! Parabéns para esse funcionário que valoriza o lugar onde trabalha !!!

Outra penteadeira de 3 folhas espelhadas.


E uma escrivaninha, oferecendo conforto para os hóspedes.

As camas bonitas, os lençóis branquinhos e o cobertor tradicional.  Isso é bom demais !


Os armários são lindíssimos, mas não consegui fotos boas que mostrassem toda a sua beleza.

E também existe uma sapateira, onde os calçados podem ficar bem organizados ! Surpresas de um Hotel tradicional, que mantém o que existe de melhor do passado e oferece as comodidades do presente.

O Hotel Bragança também possui alguns apartamentos adaptados para pessoas com necessidades especiais.
Telefone com discagem direta, TV colorida e frigobar.

A conversa foi esticando, esticando, esticando... Therezinha e Antonio nos contavam suas histórias com aquele jeito calmo das pessoas tranquilas.
 Aqui estão eles.  Ela ainda me emprestou um livro: "Caxambu: de Água Santa a Patrimônio Estadual",  de Maria de Lourdes Lemos, que conta a história dessa cidade imperial.

Um cheiro delicioso chegava da cozinha... Já era hora do almoço e nossos amigos nos convidaram para almoçar com eles.  Mas tínhamos que voltar para casa.
Deixamos Caxambu e o Hotel Bragança mergulhados nas histórias tão bonitas de um tempo passado.
Durante a curta viagem conversamos sobre esse mundo tão rico de tradições e beleza que podemos encontrar em cada curva do caminho.
Basta ter olhos para ver, ouvidos para ouvir, coração para sentir...

Caxambu, mais uma vez, me surpreendeu e proporcionou momentos mágicos onde, por algumas horas,  nos tornamos viajantes do tempo...

Hotel Bragança
R. Antonio Miguel Arnaut, 34 - Centro
Tel: (35)3341-3366  Tel./Fax 3341-3952
Site: http://www.hotelbraganca.com.br
Email: gerenciahotelbraganca@yahoo.com.br 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

DIÁRIO DO PARAÍSO - VII

Lendo a postagem da Neide, do blog  COME-SE, (http://come-se.blogspot.com.br/2012/01/piracaia-aos-poucos.html)  relembrei a época em que chegamos aqui no sítio.
Absolutamente apaixonada com a nova vida que estávamos experimentando, comecei a escrever o que chamei de "Diário do Paraíso".
Transcrevo para vocês esses ternos momentos.



 DIÁRIO DO PARAÍSO - 27 Fevereiro de 1993.
Passamos 12 dias longe do nosso Paraíso, visitando parentes no Rio. Como nos custa sair da nossa terra, nossa cidade...
E nesses tempos de chuva, na volta encontramos um capinzal enorme !  Vamos ao trabalho !!!
Mas sempre temos tempo para apreciar as belezas da Natureza que estão à nossa disposição. O nascer e o por-do-sol, a chuva bonita que, muitas vezes, trás arco-íris, as noites estreladas...



Outro dia subimos a montanha, colhendo mudas e flores. Foi lindo !
 A emoção de conviver tão de perto com a terra, as plantas nativas, os insetos tão exóticos e bonitos, e o ar tão puro que existe aqui nos dá uma imensa alegria, que compensa o corpo cansado após o trabalho.


 Meu hortinho está uma beleza ! Tenho semeado e plantado muito. Dei uma ajeitada nas violetas da Cláudia e continuo fazendo mudas. Dá gosto ver as coisas crescendo, florindo. Estamos entusiasmados, e com vontade de arrumar tudo !

Visitamos a fazenda do Cabral e ganhamos mudas de amora, urucum e outras mais.
Quantos sonhos e expectativas...
Ter nosso pomar, horta, ervas aromáticas e muitas flores !

PS: Nosso amigo Antonio Cabral, ambientalista por vocação e Gerente do Meio Ambiente de S. Lourenço, faleceu em 30 de dezembro. Partiu para outros planos, mas as plantas que me deu continuam aqui para lembrarmos sempre dele.


  (A inspiração para esse Diário veio da linda agenda que ganhei de uns amigos muito queridos, Paula e Hílton. Essa agenda mostra Florações Brasileiras de Margaret Mee ( e as imagens são de esboços que Margaret levava em suas expedições), e trechos dos diários de viagem onde ela mostra suas preocupações ecológicas e seu encantamento diante da flora e da fauna brasileiras.)

(Conheçam um pouco dessa mulher especial aqui:
http://eptv.globo.com/terradagente/NOT,0,0,279696,100+anos+de+Margaret+Mee.aspx)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

"SE ESSA RUA FOSSE MINHA..."


Se essa rua, se todas as ruas fossem minhas, eu mandava ladrilhar...
Jamais asfaltar !!!
Vira e mexe, vem o assunto sobre colocar asfalto nas ruas das cidades, pois facilita o transito, propicia maior velocidade, e evita o desgaste dos carros no calçamento de pedras ou similares.

Nos meus tempos de jovem, na década de 60,  morei em uma rua, lá no Rio de Janeiro, que era calçada com paralelepípedos - como todas eram nos tempos idos. Mas um belo dia o "progresso" chegou e trouxe o asfalto.  Lembro muito bem daquela máquina enorme espalhando aquela coisa preta e mau cheirosa pela rua.  Mas a rua ficou lisinha, bonita, moderna !  Então veio a temporada das chuvas e com ela a tristeza de ver a rua alagada, com a água chegando no primeiro degrau da escada de casa e trazendo lixo para a nossa porta !!!
Ficávamos na janela vendo os carros e ônibus fazendo aquelas ondas que nos davam a sensação de estar morando à beira-mar... De um mar sujo e poluído.

A minha cidade São Lourenço ainda é - Graças à Deus ! - calçada com paralelepípedos ou bloquetes. Na foto podem observar o bonito desenho da rua principal, em tempos antigos.
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Fui pesquisar o tema: Asfalto X Paralelepípedos ou Bloquetes, para saber a opinião de outras pessoas e cidades, já que eu tenho a minha opinião formada pela experiência própria. Aquela rua do meu bairro mostrou-me o que o asfalto ocasiona, impedindo a absorção da água da chuva e criando áreas de inundação onde antes isso não acontecia.

Seguem textos e links de sites e blogs para conhecerem melhor o assunto AsfaltoXParalelepípedos ou Bloquetes:


"Como em toda véspera de eleição o furor do asfaltamento de ruas retorna, não só aqui, mas em todas as cidades. 
É que o senso comum acha que o asfalto é inclusão, é modernidade, é civilização, progresso,e, portanto é o melhor pavimento que existe para a cidade.Como sempre o senso comum está mais uma vez equivocado".
http://vicosacidadeaberta.blogspot.com.br/2008/09/asfalto-progresso.html


Na foto, a linda Estação Ferroviária de minha cidade, e o calçamento em paralelepípedos.

Da cidade de Bambui vem essa notícia fresquinha, de hoje, 7 de janeiro de 2013:

"Conversando com o prefeito Lélis Jorge da Silva, na semana passada, ele me contou a excelente notícia de que todo o centro de Bambuí - Praça Coronel Torres, Praça Mozart Torres, Av Paulinelli, Praça José Veríssimo de Souza - vão ser revitalizadas com bloquetes sextavados. Ele ainda disse-me que o calçamento com  bloquetes têm mais praticidade quando removidos: a recuperação, se bem executada não deixa perceber que houve qualquer interferência no pavimento original. O mesmo já não acontece com o asfalto, uma vez aberto, o pavimento fica com uma cicatriz para sempre, a não ser que se remova o restante do pavimento e refaça tudo novamente, opção que se torna inviável, devido aos altos custos para sua execução". 

http://jornaldacanastra.com.br/jornal/index.php?option=com_content&view=article&id=1510:todo-o-centro-de-bambui-vai-ser-revitalizado-com-calcamento-de-bloquete-sextavado&catid=2:a-cidade-e-sua&Itemid=3


Na foto : Em São Lourenço, cidade turistíca por natureza, ainda encontramos belas e bucólicas cenas como essa, onde o chão de paralelepípedos faz fundo para o cavaleiro e seus cavalos, na manhã tranquila de um lugar feliz.



"Existem vários exemplos de estradas, ruas, praças e pátios construídos há milênios com paralelepípedos e que ainda hoje servem a população, de forma eficiente e barata. Esses pavimentos de paralelepípedos resistiram aos séculos. É o testemunho de uma prática ecológica e eficiente de se urbanizar as cidades e garantir o bem estar dos moradores.
Todos os calçamentos dos tipos paralelepípedo e bloquete, sem rejuntamento de argamassa são considerados pavimentos ecologicamente corretos, permitindo a infiltração da água da chuva. As vantagens desta infiltração vão desde a recarga do lençol freático, à diminuição da vazão escoada para os mananciais, o que diminui os riscos de enchentes."

http://www.altoalegre.ro.gov.br/noticia.php?id=403


Na foto atual, a rua principal da minha cidade com seu paralelepípedo em duas cores formando listras.

"O asfalto virou símbolo da modernidade e é característica marcante nas áreas urbanas. Ele está presente nas principais ruas, avenidas e rodovias. Neste sentido, Claudio justifica: “Esse tipo de pavimento se faz necessário onde prevalece a alta velocidade, o trânsito intenso e onde não haja interesse urbanístico. Porém o engenheiro salienta que as ruas com asfalto, para manter o conforto do motorista, precisam ser recapeadas ou até refeitas com bastante frequência, pois esse pavimento tem durabilidade de no máximo 5 anos”.


Na foto, rua de São Lourenço, em frente ao Parque das Águas, com seu piso em paralelepípedos.

"Os defensores do asfalto, em geral pessoas associadas ao poder público ou empreiteiras, dizem que o asfalto é mais barato e rápido de executar, que permite um trânsito mais confortável por ter menos vibrações..." 
Será mesmo verdade? 
 http://ubatubacobra.blogspot.com.br/2012/10/asfalto-ou-paralelepipedosbloquetes.html


Na foto: Em São Lourenço, calçamento de paralelepípedo ornamentado para a procissão de Corpus Christi.

 "Sabe-se que o asfalto retem bastante calor. Então não são poucos os que se queixam da quentura nas ruas onde existe asfalto.
O custo do bloquete é muito menor do que o do asfalto. Além disso, a mão de obra para a fabricação dos bloquetes pode ser toda da cidade, gerando emprego e fixando a  renda no município, já que com o asfalto todo o recurso vai para fora da cidade".
http://www.cidademais.com.br/noticias/?id=33696


“Para a Prefeitura de Osório, asfalto é progresso, assim como para a maioria da população da cidade. O resultado do progresso pode ser visto neste momento, com toda a chuva que está caindo: a cidade toda debaixo d'água. Ruas que antes não alagavam, hoje, com as chuvas, são verdadeiras corredeiras, pois não há mais drenagem da água. A chuva não consegue penetrar no asfalto. Com todo o dinheiro em caixa que a Prefeitura possui, porque não gastou um pouco mais e fez como no Bairro próximo ao Supermercado Nacional, onde as ruas são todas de "paralelepípedo"? Será falta de visão dos governantes, ou asfalto dá voto? Fica aqui a minha crítica!”
Fabiano


Assunto polêmico, onde os interesses e a ignorância estão de um lado e
 a consciência ecológica e a informação correta estão de outro lado, Asfalto X Paralelepípedo dá "muito pano para manga".
E a Teia Ambiental não poderia ficar de fora desse tema tão envolvente !