terça-feira, 6 de novembro de 2012

CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA ?


 Ando muito envolvida, nos últimos tempos,  com plantas, coisa que gosto demais de fazer !
 Pensando, repensando, arrumando o jardim do meu sítio que ficou abandonado, "entregue às baratas", (como gostava de dizer meu pai) durante esse ano todinho !
Também cuidando do jardim do Caminho do Artesanato, tentando fazer daquele pequeno espaço um verdadeiro paraíso verde e florido !

As fotos são do Parque das Águas de S. Lourenço, lugar de paz e beleza, inspiração para meu trabalho de jardineira !

 E, no meio dessas atividades prazerosas, apesar de cansativas, fico observando o quanto as pessoas desprezam as plantas, jardins, flores...
Como elas desconhecem coisas básicas, que deveriam ser do conhecimento de todos.
Que incômodo enorme sentem quando encontram capim, grama, ou qualquer outra coisa verde no meio do calçamento ! São capazes de aceitar lixo no chão, mas capim, jamais !!!
Fui então reler, mais uma vez, algumas palavras do JOSÉ LUTZENBERGER, agrônomo e ecologista que participou ativamente na luta pela conservação e preservação ambiental.

"Existe entre nós uma incrível alienação diante da Natureza em geral e das árvores em especial, um desconhecimento diante de como elas crescem, do que elas precisam, do contexto do qual fazem parte, de como reagem a maus tratos.

 Situação muito comum: Uma família da cidade compra um sítio. A paisagem ainda está bastante intacta. Ali existe um capãozinho, ou um resquício de bosque.
 Passam logo a "limpar o mato". Na maioria de nossas cabeças a palavra "mato" é pejorativa.
 A "limpeza" consiste em retirar toda vegetação arbustiva e herbácea. 
Muitos vão além, "limpam" também o solo, varrendo e queimando todas as folhas secas. Não fosse tão caro, muitos pavimentariam o chão"
 "Os fazendeiros, com raras exceções, não conhecem a natureza de suas fazendas. A maioria até mora na cidade, quanto maior a fazenda e mais rico o fazendeiro, mais longe ele mora. Assim, não se dão conta, e também não se importam, que o excesso de gado pernoitando dentro dos pequenos bosques tenha o mesmo efeito que aquela tolice da "limpeza". O gado come todo o rebrote, pisoteia e causa erosão nas partes inclinadas. Os bosques acabam condenados a desaparecer ou a empobrecer drasticamente em sua diversidade biológica."

  "É muito comum também em sítios, ruas, praças e jardins, caiar os troncos de branco. Acham muito lindo.
 E para que pintar de branco? Será para demonstrar dominação humana?
 Parece que muita gente não gosta de ver natureza livre, desenvolvendo-se de acordo com suas próprias leis, nunca olham com atenção um tronco de árvore.
 Tudo deve ser ordenado, regimentado, colocado em camisa de força. Assim, quando plantam número maior de árvores, é quase sempre em formação geométrica, como pelotão militar, medido à trena!"

 "Uma das demonstrações mais eloqüentes de quão pouco a maioria das pessoas observa de perto e dialoga com as árvores, é a "poda" anual, uma mutilação arbitrária, violenta, que um sem número de prefeituras, especialmente em cidades pequenas - onde seria de se supor que as pessoas tivessem mais sensibilidade diante da Natureza - ainda infligem às árvores de rua e mesmo em praças."

 "Alguns anos faz, visitei o departamento de biologia de uma de nossas universidades: no centro do prédio, um pequeno pátio com meia dúzia de árvores de certo porte, o solo completamente nu e totalmente compactado. Varriam todas as folhas secas, não distinguiam entre lixo e folhagem morta, que é a vida do solo. 

Não entendem que fator básico da vida vegetal é a reciclagem da matéria orgânica no solo, que é um sistema vivo, com enorme complexidade de seres: bactérias, protozoários, algas, vermes, moluscos e insetos, e alguns animais superiores.
 Nem notam que, em dia de chuva, a folha seca não suja o sapato, em dia seco o tapete de folhas não deixa que se levante pó.
 
Estamos acostumados a ver este tipo de tratamento em todas as nossas praças e jardins, mas, por parte de biólogos, em departamento universitário...?!

 " A alienação diante da Natureza que acima descrevemos em relação às árvores, entre nós, é apenas um aspecto limitado da alienação geral da qual sofre a atual cultura industrial global. 

O fantástico e sinfônico processo da evolução orgânica, que já dura uns três bilhões de anos, que nos deu origem junto a milhões de outras espécies, foi sempre um processo equilibrado, auto-regulado, que se mantém pela reciclagem perfeita de todos os seus recursos materiais, com aproveitamento apenas de energia solar.

 A Sociedade Industrial Moderna faz o contrário: ela vive do consumo de recursos materiais não renováveis e de energias também não renováveis. Nesta forma ela não tem futuro. Teremos que aprender a "desfrutar", não a apenas consumir, e a trabalhar com energia solar. 

Todos os nossos esquemas de produção terão que tornar-se indefinidamente sustentáveis em termos de uso de materiais e respeitosos da grande diversidade dos sistemas vivos nos quais terão que enquadrar-se harmonicamente sem apagá-los."
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Como é difícil fazer com que os seres humanos entendam e aceitem essas verdades !
Tentar, eu tento, apoiando-me em palavras de quem sabe o que está falando.
Conheçam aqui José Lutzenberger: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Lutzenberger

14 comentários:

  1. Olá, querida amiga Flora
    Vc vai gostar do meu post da Teia que sairá dentro de 1h30min...
    Quanto ao seu, lindo demais!!!
    Em 2013, voltarei a S. Lourenço e farei questão de passar muito tempo nesse Parque encantador que vc nos mostra hoje e tão bem cuidado... se Deus quiser!!!
    Goto demais de plantas!!! Qualquer recanto é pretexto para armar um jardinzinho...
    Bjs de paz e bem

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  2. Flora, que coincidência, tb andei arrumando o meu jardim. Vc falou do mato, mas o exagero de mato tb não dá, era o caso do meu. O mato já estava escondendo os brotos das roseiras. Então, fiquei a semana inteira nessa atividade. Valeu a pena.
    Quanto ao Lutzemberg, assisti várias palestras dele quando era adolescente. Ele era um mestre!
    Participei da Teia Ambiental, postando ontem. Muita paz!

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  3. Encontrei agora o seu blog por acaso. Adorei os seus posts! Continue o seu bom trabalho!

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  4. Oi Flora! Imagino a dor que vc sente ao ter sabedoria e ver as áreas verdes tão violentadas! imagino pois penso isto dos animais! E vejo como são violentados e como as pessoas (a maioria delas) estão tão longes de si mesmas e da natureza!

    Eu colocaria a boca no trombone nos setores de áreas verdes. Sei que com os sitiantes e fazendeiros é uma bobagem pensar em fazer,mas com certeza alguém da familia deles será tocado pela Senhora da Natureza e a preservação e o respeito se contagiará como gripe! Já tive o prazer de ver isto, e sei que continuará acontecendo. Continue alertando a gente, que de tanto viver no mundo mundano, esquecemos muitas vezes do Sagrado.

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  5. Querida amiga, não imaginas como me encontrei nestas palavras deste teu maravilhoso post...Vi à mim mesma neste teu "desabafo ecológico"! E compartilho contigo desta tua opinião,pois realmente fico sempre horrorizada quando vejo as pessoas ditas "civilizadas" e "estudadas",querendo fazer verdadeiros absurdos ecológicos domésticos, dentre eles a retirada excessiva de "mato" e indiscriminadas "podas" de árvores e plantas...Pobre da nossa natureza nas mãos destes humanos tão ecologicamente alienados! Aqui mesmo onde moramos,fico até triste diante de tantas crueldades com o nosso meio ambiente...Por exemplo, outro dia desses, fizeram a retirada de uma árvore que disseram estar "morta", daqui da rua, mas uns dias depois, enquanto eu estava sonhando que iriam plantar outra no lugar,passei por lá e me deparei com aquele canteiro já todo cimentado e sem nenhuma perspectiva de vida... Fui tentar entender,mas pelo jeito os moradores do prédio em frente achavam que a árvore ali "atrapalha" a vida deles...É,amiga, pelo jeito a tal "consciência ecológica" de muitos habitantes da cidade ainda está muito longe daqui... Que Deus ilumine o caminho das nossas novas gerações e traga mais harmonia e qualidade de vida ao nosso viver!
    Meu grande abraço solidário pra ti!!!
    Teresa

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  6. Oi Flora,
    continuo muito ausente do blog. Apenas participei de duas blogagens em retribuição do carinho que recebi durante as coletivas que organizei.
    Lamento, mas este mês de Dezembro também não vou postar, apesar de estar divulgando a Teia entre os novos blogs que conheci.
    Quanto ao seu texto, comungo do seu pensar: Custa-me a distância que o homem cria em relação aos demais reinos terrenos, vegetal, animal e mineral. E aqui ainda podemos traçar o paralelo para o espiritual, pois a distância do homem em relação aos ideais espirituais é a mesma.
    Beijinhos.
    Rute

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  7. Oi, Orvalho:

    Demorei mas vim responder seu comentário !!!
    Estou esperando sua visita em 2013.
    Beijo.

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  8. Obrigada pela visita, Brechó do Sul !
    Já visitei seu blog e também passei perto da sua cidade, naquelas terras lindas do sul.

    Beijo

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  9. Oi, Denise:

    É assim mesmo, temos que ter bom senso e ver quando o mato está sufocando as outras plantas !

    Sou fã do Lutzemberger e gosto de reler suas palavras nos momentos em que me sinto uma estranho no ninho...

    Beijo

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  10. Oi, Artesanato !
    Visitei o blog e vi muita coisa bonita !
    Obrigada pela visita.

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  11. Obrigada, Elaine, pelo seu lindo e estimulante comentário !!!
    É unindo forças e não desistindo que podemos melhorar nosso mundo.
    Beijo

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  12. Pois é, Teresa, quando estamos nadando contra a corrente passamos por momentos de tristeza, decepção, raiva e desânimo.
    Seria muito mais fácil sentir, pensar e agir como a maioria das pessoas.
    Mas, como tudo tem sua razão de ser, só nos resta aceitar e fazer a nossa parte da melhor maneira possível.

    Desistir, nunca !
    Beijo

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  13. Querida Rute:
    Eu nem posso falar nada, pois nesse agitadíssimo ano 5 estou devendo postagens, comentários, respostas aos comentários recebidos, etc, etc...

    Esse afastamento do Homem da Natureza é reflexo, ou continuidade, do seu afastamento do mundo espiritual.
    Num sistema onde a máquina é mais importante do que a árvore, onde todos correm tanto para ganhar muito e gastar tanto, quem tem tempo para admirar o céu ou sentir o perfume das flores do campo ?

    Beijo

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